“Os estudos escritos e sistemáticos sobre o passado dos povos
da África, em especial da África abaixo do Saara, são bastante recentes.
Começaram após a segunda guerra mundial, estimulados pelo processo de
independência e formação de novos países no continente. O interesse principal
dos africanos em conhecer a sua história está relacionada com a busca de
identidades políticas e culturais. Hoje, apesar de a história da África ser
mais conhecida, ainda é um processo em construção.” (VAINFAS et.al. 2010)
O
ensino de história da África e dos Afrodescendentes foi tornado obrigatório no
Brasil em 2003, pela Lei 10.639/03. Esta lei é mais uma
vitória do movimento negro brasileiro que sempre buscou a valorização das nossas
raízes africanas.
Existe “Raça” entre os seres humanos?
O conceito de raça surgiu no século XVII - na Europa - e tomou força nos
séculos XVIII e XIX, desenvolvendo-se com vitalidade. Acreditava-se que os seres humanos tinham raças diferentes –
e que a mistura das mesmas poderia resultar em “degenerações”. O auge deste
tipo de pensamento foi a eugenia praticada por Hitler. Mas, antes mesmo do
nazismo, cientistas sociais já combatiam a ideia de raça. Os antropólogos,
assim como outros estudiosos, comprovaram que o que existe entre os seres humanos
são as etnias. Tal conclusão foi corroborada, nos anos 2000, com a conclusão do
“projeto genoma”.
Em substituição ao conceito de raça devemos
usar o de Etnia, que significa grupo
biológico e culturalmente homogêneo. Do grego ethnos, povo que tem o mesmo ethos, costume, incluindo língua, cor de
pele, religião etc. O termo não é sinônimo de raça, pois a palavra raça tem um
sentido exclusivamente biológico.
África: diversidade humana e
ambiental.
deserto do kalahari
Neve na África do Sul
África ao
Sul do Saara = África subsaariana ou África Negra.
A África Subsaariana manteve relativo isolamento ao longo
dos séculos. Os muçulmanos, que exploravam de forma mais cotidiana o continente
durante o século XIV, não mantinham muitos contatos com os povos mais ao sul,
embora estes contatos acontecessem. Estes diversos povos, onde hoje se
encontram o Congo e Angola (por exemplo), conheceram de forma mais efetiva
outras culturas quando do contato com os europeus no litoral durante a expansão
marítima europeia (séculos XV/XVI).
-Gana: o
reino do ouro.
Um dos mais conhecidos Impérios africanos, assim como o do
Mali.
Gana começou a se desenvolver como estado centralizado no
século IV, quando seus fundadores começaram a se organizar para se defender os
povos do deserto (berberes), que atacavam as aldeias locais. O nome se deve ao
fato do chefe político receber o nome de Gana, “senhor da guerra”.
Ficou conhecido como “reino do ouro”, não por ter ouro, mas
por ter dominado territórios que tinham o metal e por canalizar rotas
comerciais de ouro que atravessavam regiões, como o deserto do Saara. Outra
mercadoria muito presente na região eram os escravos, principalmente vindos das
expanão muçulmana na África Ocidental, além disto as guerras produziam muitos
cativos.
Religião: A religião era animista ou feiticihista, ou seja,
atribuia-se vida espiritual a elementos da natureza (animais, rios, plantas,
rochas...) que eram por vezes representados por ídolos (feitiches). O principal
culto era o do deus-serpente, que recebia anualmente o sacrifício de uma bela
jovem.
O auge de Gana se deu entre os séculos IX e X.
- O Império
do Mali:
O reino conhecido como Mandinga ou Mali, ao sul de Gana, era
de início composto por caçadores, que também trabalhavam a terra em campos
comunitários.
A expansão terrritorial do Mali: fruto do processo de
islamização do reino no século XIII.
Por muito tempo o Mali governou diversos povos, que
reconheciam o imperador como seu soberano, o que fazia com que maiores
conflitos não ocorressem. Mas a longa duração do Império Mali se deve mais ao
sistema descentralizado de governo e à tolerância religiosa. Nenhum soberano do
Mali fez a guerra santa (jihad).
Os reinos da
região do Sudão central:
HAUÇÁS:
- População resultado de diversas interações étnicas e
culturais, em regiões onde passavam caravanas comerciais transsaarianas. As
cidades eram fortificadas e a população rural do entorno buscava, quando
necessário, abrigo, reconhecendo assim os soberanos citadinos. Pouco a pouco os
chefes militares tornaram-se soberanos.
As cidades, além da proteção, tornaram-se pontos de trocas
comerciais, especialmente de artesanato.
A partir de meados do século XIV a região se islamizou e a
escrita árabe se difundiu.
IORUBÁS:
Localizavam-se a Oeste das atuais Nigéria e Benin. Sua
origem é lendária e acredita-se que são descendentes do povo Olodumaré. Este
povo tinha ao menos sete cidades, incluindo Benin, Ilé Ifé e Oyo. Ilé Ifé era o
centro espiritual, governada pelo oni
(grande sacerdote). Cada cidade dominava aldeias e povos a sua volta. Seus governantes eram eleitos por um conselho
de estado e governavam por um tempo determinado. Este conselho assim detinha o
poder político e controlavam o soberano. Tal conselho também era responsável
pela preservação dos costumes e pela segurança das cidades. Quando o rei era
considerado culpado mandavam que ele fosse “dormir”, ou seja, que fosse
envenenado.
O Reino do Benin foi o principal reino Iorubá. Criado
no século XII, tinha como governante o obá,
um monarca com poderes políticos, militares e espirituais. O obá comandava
ritos que incluíam sacrifícios humanos, normalmente de escravos.
A principal fonte de riqueza dos povos iorubás era o
comércio, no Benin havia um grande mercado, onde os comerciantes ofereciam as
mais diversas mercadorias, com destaque para tecidos, cobre e escravos.
Cabeças Iorubá de bronze:
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