A independência das 13 colônias inglesas na América do Norte (1776): início do capítulo 08
- Mudança na postura metropolitana (meados do XVIII):
. criação de novos impostos
. limites à autonomia política e econômica das colônias
. boicotes, revoltas, sabotagens pelos colonos
- O processo de independência:
. articulação dos colonos: reivindicação de representação política e, depois, declaração de independência (1776) = influência de princípios iluministas
. Guerra contra Inglaterra (1776-1781) e vitória dos colonos: apoio de países europeus e participação de escravos
- Pós-independência:
. Criação dos Estados Unidos, com Constituição dos EUA, República e o Federalismo = exemplo nas Américas
. Manutenção da escravidão e voto censitário (só homens que comprovassem renda podiam votar).
A independência do Haiti (1804):
Ilha do Caribe, ex-colônia francesa, foi a segunda independência da América, única com a liderança de negros. A colônia tinha 85% de população escrava.
Neste processo, independência e abolição tornaram-se faces do mesmo movimento.
Os ideais de liberdade da Revolução Francesa juntaram-se com o inconformismo de escravos e libertos. Em 1793 o governo jacobino aboliu a escravidão nas colônias e a revolta dos negros fortaleceu-se ainda mais.
Tousaint (líder da revolução) participa das discussões da Revolução Francesa em Paris.
Em 1801 Napoleão tenta reestabelecer o regime escravista na ilha e prende Tousaint, que morre. Dessalines torna-se o novo líder que, com o apoio da Inglaterra, expulsa as tropas francesas em 1804.
Em 1825, após disputas internas e com um governo distante das reivindicações populares, a França reconhece a independência, que teve dentre outros episódios o massacre de parte da elite branca.
O processo gera o “Haitianismo” →sentimento de temor das elites escravistas de que esta revolução servisse como exemplo. Buscou-se isolar a ilha, mantendo-a marginal na economia e na política mundial.
As independências das colônias espanholas na América (1810-1825)
- Contexto histórico (início do XIX):
A independência do EUA, o iluminismo, a ineficiência da Espanha em negociar acordos com as elites hispano-americanas (criollos) que colaborassem para o não-rompimento político, a ideologia liberal, os interesses econômicos e políticos da Inglaterra e da França sobre as colônias e os problemas enfrentados pela Espanha (invasão das tropas napoleônicas e revoluções liberais internas), impulsionaram os movimentos.
Os criollos viam na independência a possibilidade de ampliação de seus poderes.
- O processo de independência:
No contexto da invasão napoleônica na Espanha muitos Cabildos (câmaras coloniais) passaram a controlar a administração local, contrapondo-se aos Chapetones (funcionários metropolitanos). Os Cabildos tornaram-se “Juntas Governativas” que organizaram, dentre outros, exércitos que lutaram nas guerras de independência.
As independências contaram com forte apoio popular, mas as novas nações se mantiveram conservadoras e autoritárias, excluindo o povo e mantando a exploração.
As novas nações adotaram o republicanismo (inspirando-se nos EUA), exceto o México, que foi uma monarquia por menos de um ano. O voto era censitário e as eleições cotidianamente fraudadas. O caráter agrícola e agroexportador foi mantido e questões sociais persentes no período colonial se mantiveram.
O Pan-Americanismo→ Proposta de unificação da América espanhola por parte principalmente de Simon Bolívar (1783 – 1830), líder de exércitos de independência. Objetivo não alcançado, dado o medo das elites locais de perderem seu poder e privilégios (principalmente para os mais pobres) e pela relativa inconsistência teórica das propostas.
As transformações da América Portuguesa e o processo de independência do Brasil.
As transformações da América Portuguesa (séc. XVIII):
Descoberta de minas de ouro- Promove a mudança da capital para o Rio de Janeiro e o surgimento de novas atividades econômicas. Nas Minas= enorme contingente de escravos e homens livres e pobres que buscavam o enriquecimento = tentativa de controle metropolitano.
A “Guerra dos Emboabas” 1707- 1709→Paulistas desejavam o controle das minas – derrota humilhante. “Revolta de Vila Rica (ou Felipe dos Santos)”→ Contra o estabelecimento de casas de fundição do ouro e a taxação em 1/5 da produção.
Séculos XVIII e XIX→ Significativo aumento do tráfico negreiro, com predomínio de comerciantes “brasileiros”.
As conjurações (ou inconfidências):
Minas Gerais, 1789→ reunião de intelectuais (mineradores e comerciantes) que criticavam a política colonial portuguesa (principalmente a derrama, imposto individual que recairia sobre os habitantes das minas)- planejavam a independência da capitania, com bases iluministas, mas sem acordo sobre a questão da escravidão. O grupo foi descoberto e seu membro mais humilde, Tiradentes, foi enforcado em praça pública.
Bahia, 1798→ “Conjuração dos alfaiates”- reunião de diferentes setores sociais, articulação de cunho social, que buscava a igualdade racial e a independência.
Período joanino (1808-1821):
- Fuga da Corte (do rei, sua família, tesouro e parte dos principais nobres e funcionários) dada a declaração de invasão de Napoleão a Portugal, pela aliança com a Inglaterra. A Inglaterra garante a segurança da fuga e Portugal põe em prática a já antiga ideia de fundar um império Luso-Brasileiro que teria como base a América. Ainda a caminho do Brasil, D. João VI decreta a “abertura dos portos brasileiros às nações amigas”, terminando oficialmente com o monopólio metropolitano.
Rio de Janeiro: Nova sede do Império→ algumas casas obrigatoriamente desocupadas para os nobres, reorganização do espaço urbano, embelezamento da cidade, surgimento de instituições de controle social (ex. polícia) e etc.
Surgimento de instituições de caráter nacional, como a imprensa régia o Banco do Brasil (para o desenvolvimento econômico), e estímulo a vinda de artistas, botânicos e etc.
Em 1810 D. João VI firma tratados com a Inglaterra, que passa a ter privilégios comerciais e civis . Além disto, o príncipe se compromete a acabar lentamente com a escravidão (o que não cumpriu).
São permitidas manufaturas no Brasil.
Em 1815 o Brasil é declarado “Reino Unido a Portugal e Algarves”, deixando assim de ter o estatuto de colônia.
D. João VI não retorna à Portugal, mesmo com o fim da ocupação de Napoleão. Inicia-se um movimento de reivindicação para sua volta no reino. Ainda como Regente, em 1817, destrói a “Insurreição Pernambucana”→ Revolta contra os altos impostos cobrados pela Corte. Insatisfação com a permanência da exploração, revelando o desagrado com a política joanina em outras regiões. Os privilégios advindos da presença da família real eram para as elites do sudeste, que em por seu turno financiavam o rei e em troca recebiam uma série de honras e mercês (títulos de nobreza, privilégios comerciais e etc.)
Em 1818 D João VI é coroado rei no Rio de Janeiro, no largo de São Francisco.
- O processo de independência:
Revolução liberal do Porto (Portugal, 1820): Exigência do retorno do rei e de uma constituição (fim do absolutismo), além da submissão da América.
D. João retorna, mas como forma de manter a estabilidade no Brasil deixa seu primogênito, D. Pedro.
O Brasil passava por uma série de revoltas escravas, o iluminismo fazia-se presente e a autonomia econômica em relação a Portugal era clara. As elites da América não aceitariam a volta a situação anterior a vinda de D. João VI. Além disto, vários países haviam conquistado a independência na América espanhola.
Com o ultimato das cortes portuguesas (que preparavam a constituição) para a volta de D Pedro, este declara a independência (7 de setembro de 1822), em clara sintonia com o conservadorismo das elites brasileiras, sem tratar a questão da escravidão, da estrutura agrária, dos anseios das camadas urbanas e etc., pois nossas elites temiam a perda do controle da situação.